Casamento e felicidade: - Estela Psicóloga

Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva (USP-HU)

Especialista em Terapia de Casal e Família (Teoria Junguiana)

Especialista em Teoria Junguiana (Instituto Sedes Sapientiae - SP

Mestre Pela PUC-SP

Especialista em Constelações Familiares e Soluções Sistemicas (Instituto KOZINER - SP)
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Psico. Estela - Psicóloga Clínica - Mestre/PUC-SP
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Casamento e felicidade:



Casamento e felicidade: é possível?
"O amor não é viver felizes para sempre, isso é conto de fadas. O amor é saber como enfrentar a vida juntos."
S. Strenis.
Uma pergunta e uma reclamação são frequentes em terapia, quando o assunto é casamento ou relacionamento.

A pergunta: em várias ocasiões, nos meus atendimentos, fui questionada se eu conhecia algum casamento realmente feliz. Essa questão é quase sempre respondida com outra indagação: o que é casamento feliz para você?

Em boa parte dos casos, “ser feliz” é sinônimo de um casamento cheio de paixão, muito sexo, sem brigas ou pouquíssimas brigas, mas principalmente, um casamento cujo companheiro (a) correspondesse à idealização de projeções e anseios. Em outras palavras: o outro sabe ou precisa saber sobre o eu que necessito, espero ou desejo. Porém, seu (a) companheiro (a) não sabe. E não sabe por quê? Simplesmente, porque não é você. As pessoas esquecem que estão se relacionando com um outro SER que não é a sua imagem e nem a sua semelhança. Essa é uma projeção muito comum da paixão, mas que deve ser recolhida quando há o amadurecimento da relação. Em tempo: felicidade não é um estado de espírito específico, mas sim os momentos vividos. Não é um estado contínuo, mas sim uma ocorrência eventual e sempre episódica.
Noiva

  • Dê atenção aos aspectos do cotidiano: quer coisa pior do que dormir ou acordar mal-humorado? Isto praticamente definirá como será o resto do seu dia. Pequenas gentilezas com um beijo de boa noite, um “bom dia” com sorriso, ou ir adiantando o café da A reclamação:  a queixa, quase unanime, na primeira sessão de terapia de casal, sempre vem precedidas pelas frases: “Ah, mas ele (a) não é mais o (a) mesmo (a) com quem me casei. “Ele (a) mudou muito”. No que eu respondo, para surpresa de muitos: “Ainda bem, não é mesmo? Tudo evolui, porque justamente o seu casamento deveria permanecer na estagnação?
    Eu sempre digo que os relacionamentos, sejam eles de casamento, amizade ou familiar é “colar pedaços que se quebram o tempo todo”. Quem mais nos magoa ou decepciona são aqueles que nos são caros e afetivamente importantes. Manter uma relação longa e estável é um exercício constante e trabalhoso. Mas vale a pena. E por isso mesmo, não deve ser descartado, mas compreendido e incentivado com estímulos positivos que reforcem os laços do relacionamento. O ditado popular que diz que “o amor é uma plantinha que precisa ser regada com regularidade senão ela morre”, traz um importante significado. E sem amor (não estou entrando no mérito dos vários significados do conceito amor), não há relacionamento saudável.

    Então, o que podemos fazer para uma relação permanecer saudável? Vou passar algumas “dicas” simples e fáceis de aplicar no seu dia a dia:

    • DRs (discussão da relação), são necessárias, mas atenção: todo “contrato caduca”. Torna-se desatualizado, antiquado e insuficiente. Portanto, não supre as demandas futuras. Precisa ser renovado com bases nas necessidades vigentes. Um relacionamento é um contrato formal ou não, entre duas pessoas que resolveram compartilhar a sua vida ou parte dela entre si. As famosas “DRs” são os ajustes deste contrato ao longo do tempo, e são importantes para referendar qualquer relacionamento. Aquilo que não é dito, comunicado e faz parte dos valores fundantes da relação podem vir a ter contornos desproporcionais. Conversar é essencial, inclusive para dar o devido tamanho às situações presentes. Mas, também é importante saber relativizar. Caso contrário, tudo poderá ser motivo para uma “nova” discussão.

    • Estabeleça acordos e minimize possíveis problemas: eu brinco, dizendo, que há “problemas” que ficam flutuando na cabeça, alimentando o “mundo do achômetro”. Traga-os para a realidade e lide com dados reais.  Por exemplo: existem rotinas domésticas que são motivos (por vezes), de briga entre um casal, principalmente quando uma das partes está sobrecarregada. Solução simples: faça uma planilha com as atribuições do que cada um pode fazer, quando e a que horas. Talvez nas primeiras semanas esse acordo precise ser refeito, readequado, redistribuído. Refaça os ajustes necessários. Recorde-se, acordos devem ser atualizados sempre que necessários. Coloque-o num lugar visível. Na geladeira ou dentro da porta do armário, por exemplo.  Caso ambos levem a sério o combinado, frases como: “Mas, eu achei que você faria”, “eu esperava que”, “ah, nem lembrei”, “eu achei que era tarefa sua”, “não, isso não ficou claro”, diminuem substancialmente e atritos desnecessários são evitados.  Mas, você pode me perguntar: e se alguém não cumprir o acordo? E se houver sabotagem? Bem, aí é hora de sentar e conversar.

    • Conversar é essencial. Mas, dê o devido “tamanho” a situações diferentes. É absolutamente normal, na rotina do relacionamento, o surgimento de problemas e chateações que ocorrem no dia a dia. Transformar isso num probleminha ou num problemão dependerá da atitude tomada e da importância dada. Por exemplo: sobrecarregar em atribuições de tarefas ou financeiramente uma das partes pode ser um problemão. Assim como, brigar por causa de uma toalha no chão, a luz acesa ou o lixo não retirado. Mas, será que o peso e a importância são os mesmos? É preciso ter cuidado e saber distinguir entre situações que possam realmente ser problemáticas e daquelas que são de fácil resolução. Conversar é essencial, inclusive para dar o devido tamanho às situações, que muitas vezes, tornaram-se desproporcionais.

    • Não é necessário ter razão em tudo: para a convivência ser boa, agradável e querida é necessário ter um mínimo de tolerância com o seu par. Também será importante, não querer ter a “razão” em toda e qualquer questão ou circunstância, e principalmente, ter o entendimento que ser empático com o seu companheiro (a) é essencial para a vida saudável a dois. Em outras palavras, exercitar a empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro em situações que talvez você não concorde. E, com genuína boa vontade, procurar compreender o ponto de vista daquele (a) com quem se relaciona. Lembre-se, você também não é um ser perfeito, faz coisas no dia a dia que incomoda o outro. E ter alguém que te aponte nas minúcias os seus defeitos é muito desagradável e cansativo. Não exija a perfeição do outro porque você também não a tem. Há questões que devem ser resolvidas com maior praticidade e não com exacerbação Egos.

    • Faça elogios sinceros. Valorize aspectos positivos: socialmente somos preparados e cobrados para julgar e apontar os erros. E, as atitudes corretas são esperadas e não necessitando de reforços. Isto é um engano! E, maior engano ainda, tratando-se de relacionamento amoroso. Uma historinha:

    ...um dos cônjuges resolve fazer uma surpresa ao outro, um jantar. Foi ao supermercado, comprou flores, vinho, preparou a sobremesa preferida e light da pessoa amada, arrumou a mesa lindamente, passou perfume, mas na hora do cafezinho esqueceu-se de comprar o adoçante. E o “mundo veio abaixo”!


    Porque as 10 atitudes absolutamente corretas que ele (a) tomou antes do cafezinho perderam a importância diante do: “E o meu adoçante? Esqueceu? Você sabe que eu só tomo café com adoçante”. Ao apontar justamente aquilo que não foi perfeito, você está invalidando todo o esforço do outro e dando um estímulo negativo para que uma segunda oportunidade não aconteça. Críticas constantes, com o tempo acabam por desestimular não apenas as atitudes, mas pior, a invalidar a pessoa que convive consigo. Devemos ser capazes de elogiar e celebrar quando quem amamos faz algo de bom. Por isso, lembre-se: reforce o que foi feito de positivo, ou seja, a linda mesa, a surpresa, a iniciativa e deixe o cafezinho para outro dia. Aliás, outro dia? É um excelente pretexto para irem tomar um delicioso café e divertirem-se a dois.manhã fazem toda a diferença. Não cobre do outro, faça você primeiro. Tenha a iniciativa de ser gentil. Ah, o outro já se adiantou e fez o café? Não se esqueça de agradecer. Não brigue logo de manhã porque uma toalha ficou no chão. Pegue-a e a pendure. Não irá quebrar a sua mão. São atitudes simples que podem alegrar a vida de um casal no início ou ao final de um dia de trabalho. Traga praticidade a sua vida.

  • Há gestos e palavras “mágicas” que são verdadeiros fertilizantes para a plantinha do amor: "obrigado (a) querido (a), você é especial porque...", "fico feliz quando você…", "você é capaz", "você consegue", "pode contar comigo". Dê um afago, um sorriso, um simples abraço, deem as mãos ao caminharem ou um “cheirinho”. Cuidado com o uso da linguagem. As palavras ferem e marcam profundamente. Seja educado (a) com quem você ama. São pequenos gestos que aproximam o casal. Olhe e ouça. Nada é mais irritante do que conversar com o outro, que por sua vez está teclando o celular ou computador. Nem que seja por dois minutos, pare e dê atenção. Mostre que você está conectado com ele (a), ou pelo menos, mande um torpedo carinho. Temos a escolha, em qualquer interação, de nos conectarmos com o (a) nosso (a) parceiro (a) ou não. A constância da segunda opção pode, ao longo do tempo, corroer lentamente o relacionamento, mesmo sem haver um conflito claro. E diga, EU TE AMO! Não, não suponha que o outro esteja “careca” de saber que você o (a) ama. E mesmo que esteja, diga assim mesmo. Todos gostam de ouvir que são amados e queridos.
Imagem de casados
  • Lide com os conflitos de interesse com bom humor: as vezes, para não dizer muitas vezes, não chegamos a um acordo durante uma discussão. Excessos de discussões desgastam o relacionamento e “picuinhas” acabam por pulverizar a relação. É possível lidar com os conflitos do dia a dia, sem precisar sentar e conversar minuciosamente a cada evento “fora da curva” que ocorra no relacionamento, utilizando-se, por exemplo, do bom humor. Aceite que o (a) seu (a) companheiro (a) tenha opiniões diferentes das suas, afinal ele (a) realmente é outra pessoa e não se esqueça disso.
Aceite que as vezes ele (a) esqueceu de uma data importante ou um prato na pia. Isso acontece com todo mundo, acredite. Não apenas dentro do seu relacionamento.  Isso acontece com todo mundo, acredite. Não apenas dentro do seu relacionamento. A vida anda muito agitada, cheia de compromissos, não é mesmo?  E por fim, pare e pense. Afinal de contas, você quer ter razão em tudo ou deseja ser feliz no relacionamento? Talvez precise ceder e cooperar para encontrar soluções parcialmente vantajosas para ambos e não apenas para uma das partes. É quando os interesses do casal se sobrepõem aos anseios individuais. Por outro lado, nem tudo deve ser levado “a ferro e a fogo”. Tenha bom humor, relativize as situações, não leve tão a sério coisas pequenas. Quando o casal é capaz de rir ao se lembrar de momentos difíceis do passado, porém superados, ou ainda, partilharem de algo engraçado que viram durante o dia, a relação se fortalece.

Como vimos no texto acima, segredo para felicidade não existe. Mas, existe empenho e atitude. Comportamentos novos podem ser modelados, projeções e expectativas irrealistas podem ser retiradas. Desenvolver uma relação empática com o seu (a) parceiro (a) também. Empatia, lembrando, não é concordar com o outro, mas é entendê-lo enquanto indivíduo, você colocando-se no lugar dele.

Afirma Nairo Vargas, “o vínculo conjugal é o que potencialmente mais propicia conflitos”. Daí não ser impossível afirmar que sem bom humor é muito difícil ter-se um bom casamento. Ter bom humor é preciso, talvez mais que navegar, como ouvimos na música de Chico Buarque e através da poesia de Fernando Pessoa.

No entanto, e se a relação está desgastada e hoje sobram farpas e irritabilidade? Você sente-se injustiçado (a), invisível e incompreendido (a)? Ambos não conseguem conversar? Procurem ajuda profissional. O psicólogo, com formação em terapia de casal, os auxiliará na condução da reabertura do diálogo e será um intermediário fiel à causa de vocês.

 
Marque uma consulta, terei o maior prazer em ouví-lo (a) e esclarecer as dúvidas pertinentes ao seu processo de cura terapeutica.

MSc. Estela Noronha
Psicóloga Clínica
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