Eu não gosto de quem o meu filho (a) namora! - Estela Psicóloga

Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva (USP-HU)

Especialista em Terapia de Casal e Família (Teoria Junguiana)

Especialista em Teoria Junguiana (Instituto Sedes Sapientiae - SP

Mestre Pela PUC-SP

Especialista em Constelações Familiares e Soluções Sistemicas (Instituto KOZINER - SP)
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Psico. Estela - Psicóloga Clínica - Mestre/PUC-SP
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Eu não gosto de quem o meu filho (a) namora!


Eu não gosto de quem o meu filho (a) namora! Dicas para lidar com essa situação.

Entrevista concedida para a jornalista Marina Oliveira da agencia de conteúdo Cucas Contéudo Inteligente, sob demanda do portal UOL, em 17/08/2015

Perguntas:

Em uma situação em que os pais não gostam do namorado (a) do filho (a) adolescente, até que ponto eles podem manifestar a antipatia por ele?
Marina Cuca
Estela: ao pensarmos que todo filho adolescente, mesmo aqueles mais os “centrados” e compreensíveis, possuem um lado rebelde e contestador, os pais aos demonstrarem sua antipatia pelo (a) namorado (a) podem acionar seu lado mais desafiador. O que é muito natural e até esperado, por ser uma fase de grande transformação, inquietação e autoafirmação. Portanto, é prudente que os pais sejam aliados e estejam sempre dispostos a diálogos. Como pessoas mais experientes e maduras se espera que os pais saibam lidar de maneira mais diplomática com a situação.

Os pais têm o direito de não gostar dos namorados dos filhos? Mas devem aceitar as escolhas deles? Como eles devem agir nesses casos?

Estela: eles podem não gostar dos namorados (as) dos seus filhos (as). Afinal, são seus sentimentos legítimos. Assim como, os seus filhos também podem não apreciar eventuais namorados (as) dos pais.  Sentimentos igualmente válidos. Mas, as decisões de escolha devem ser repeitadas, salvo melhor juízo, quando não há prejuízo de ordem moral e física como violência ou drogas. Muitas vezes é difícil para os pais deixarem os filhos crescer e tomar as suas próprias decisões. Mas, ao decidir pelo adolescente os pais estão subjulgando a capacidade de escolha dele e postergando o seu amadurecimento e o crescimento  enquanto indivíduo. É bom lembrar que todos erram: crianças, adolescentes e adultos. No caso do adolescente, ele precisa aprender a assumir responsabilidade pelos seus atos à medida que os exerça. Sendo assim, é melhor que os pais acompanhem esse crescimento, com todos os percalços que eles possuem, do que assumir uma postura adversária ou até repressora. Podemos dizer que é inteligente para qualquer pai e mãe dar uma diretriz às soluções dos problemas da vida de seus filhos. Incentivá-los a seguirem em frente com as suas determinações, mas não resolvê-los por eles.

Experiências pessoais são únicas, intransferíveis e não devem ser subestimadas, nem julgadas, muito menos suprimidas. E se o seu filho se machucar, de alguma forma, por causa de um relacionamento, é bom que ele tenha os pais como ombro amigo.

Atitudes como falar mal do filho, proibir encontros, não deixar frequentar a casa ou até, não dar recados são compreensíveis? Ou são inaceitáveis? Por quê?

Estela: falar mal do próprio filho? De jeito nenhum, nunca! Não fale mal, não faça chantagem, não o ameace.  Isso só o deixará inseguro, com a autoestima abalada e provavelmente muito magoado com você. Futuramente, dependo da frequência e intensidade das palavras, esse sentimento poderá se transformar em raiva. Frases como: “se você fizer assim, eu não gosto mais de você” ou “que decepção, não esperava isso, nem parece mais o meu filho” ou “seu irmão é melhor do que você porque não dá trabalho” ou pior, “filho de fulano sim, esse é legal, obediente, responsável, sorte a dele", são cruéis. Nada é mais nocivo para um jovem do que a retirada do seu alicerce afetivo. Os pais possuem o importante papel de serem intermediadores, interlocutores e conselheiros amorosos. E principalmente, precisam ter a consciência de que são exemplos para o “bem” ou para o “mal”. Se agir punindo, com punição seu filho lhe responderá um dia. Adolescência é uma fase de transição, na qual, por mais que o jovem negue ele precisa de um norte. Um guia, um suporte familiar e não uma mão de ferro que fere. Hoje em dia, com a tecnologia, torna-se impossível bloquear qualquer tipo de comunicação, a menos que, literalmente tranque o filho no quarto, sem qualquer aparelho eletrônico. O que seria uma atitude inadmissível. Filhos precisam confiar nos seus pais e tê-los como aliados. Proibir por proibir de nada adiantará.

E essas atitudes são, de fato, eficientes para separar o filho do namorado? Ou podem surtir o efeito contrário? Por quê?

Estela: Entre outras questões, ensinar a ter autonomia faz parte da criação do adolescente. Porém, em caso de pais muito protetores e/ou severos/autoritários, a separação do namorado (a) provavelmente ocorrerá. Como consequência corre-se o risco de criar indivíduos adultos inseguros e em eterno “sub judice” dos pais.
No outro extremo, a intransigência pode levar o jovem cada vez mais longe de casa e dos pais. Além de estimulá-lo a fazer coisas escondidas. Deixe espaço para uma conversa franca no lugar de uma imposição arbitrária.

Existem situações em que os pais podem interferir no namoro do filho? Quais são?

Estela: sim, quando há um risco iminente e/ou quando o filho é menor de idade. Por exemplo: o adolescente está se envolvendo com um drogado ou uma pessoa violenta que pertence a uma gangue. Em primeiro lugar, apoie-se nos três alicerces principais da relação parental: o diálogo, a confiança e a aliança. É crucial nestas ocasiões passar sua experiência de vida, mostrar as consequências de estar envolvida (o) com esse tipo de pessoa e os reais motivos de sua preocupação. Mas, se mesmo assim seu filho correr risco de se drogar ou colocar sua própria vida em risco, nestes casos, a autoridade dos pais precisa ser firme e assertiva.  Aqui é a hora de uma intervenção mais drástica. Tem um ditado popular que diz: “filho abandonado, bandido adota”. Atitudes devem ser tomadas a bem da segurança física, psíquica e moral do jovem.

Nos casos mais DRÁSTICOS onde há risco de vida  e moral (exemplo: drogas, gangues, jogo, bebida, descaminho para prostituição) deve haver uma mudança no eixo e na dinâmica social do adolescente e da família. Por exemplo: mudança de escola, clube e atividades que excluam “más companhias” ou que sejam desconhecidas dos pais. Deve ser enfatizado, “mais do que nunca”, as regras e os valores familiares. O adolescente precisa sentir a autoridade e a firmeza (diferente do autoritarismo) das figuras parentais e respeitar. Mas, sem nunca perder de vista a ternura, o acolhimento e o amor.
Os pais ou responsáveis, por sua parte, devem acompanhar o filho mais de perto nas atividades cotidianas e procurar a intermediação de uma terapia familiar.
Em caso de ameaça concreta procurar ajuda adequada como polícia ou assistente social.

Geralmente, quais são as razões para os pais não gostarem dos namorados dos filhos?

Estela: são várias as razões. Vai desde o simples ciúmes pela posse: “MEU filho está namorando essa(e) aí, o que ele(a) viu nela(e)?”. Passa pelas expectativas e valores dos PAIS não cumpridos: “Ah, mas o meu filho (a) foi se interessou por aquela (e) moça (o)? Mas, o Fulana (o) era tão educada(o), está cursando medicina, pertence a nossa Igreja e nós inclusive conhecíamos a família”.   Até razões eminentes acima relatados como possíveis perigos reais aos filhos.

Os pais podem dizer, de alguma forma, que não gostam de tal pessoa, mas que não vão interferir na escolha do filho? Essa conversa deve ser conduzida como?

Estela: conversando, não há outro jeito. Converse, dê sugestões, passe a sua experiência. Aceite a escolha de seu filho, confie nos valores que você passou, dê créditos na capacidade de escolha. Um dia você também começou a tomar as suas decisões e nem sempre elas agradaram os seus pais. É a sua vez de passar por isso. Lembre-se: será que em algum momento você não sentiu falta do apoio, da confiança dos seus pais ou de uma palavra mais amiga por parte deles? Relembre os seus sentimentos e os use de ferramenta para não repetir os mesmos erros. Não perca de vista que o mais importante é manter uma aliança afetiva com seu filho e ajudá-lo a se levantar quando for preciso. O apoio é seu, mas a caminhada é dele.  
E como conviver da melhor forma com esses namorados? Quais atitudes no dia a dia os pais podem ter para mostrar que estão dispostos a conviver bem com eles pelos filhos?

Estela: trazendo-os para perto, procurando conhecê-lo melhor. Ser gentil não é sinônimo de melhores amigos, mas de educação e respeito. Seus filhos serão muito gratos por sua atitude. E na possibilidade de qualquer intervenção futura necessária, você terá muito mais chance de ser ouvido, pois a confiabilidade e a afetividade estarão preservadas na relação entre pais e filhos.

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MSc. Estela Noronha
Psicóloga Clínica
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