Você não tem superpoderes! - Estela Psicóloga

Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva (USP-HU)

Especialista em Terapia de Casal e Família (Teoria Junguiana)

Especialista em Teoria Junguiana (Instituto Sedes Sapientiae - SP

Mestre Pela PUC-SP

Especialista em Constelações Familiares e Soluções Sistemicas (Instituto KOZINER - SP)
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Psico. Estela - Psicóloga Clínica - Mestre/PUC-SP
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Você não tem superpoderes!


Você não tem superpoderes!
A vida não é um jogo que podemos controlar a todo o momento com um simples aperto de botões. Confiar que tudo pode dar certo sem o seu comando e estar preparado para frustações traz para si felicidade e tranquilidade.


Entrevista concedida à Editora Alto Astral - Revista Viva Bem, através da jornalista Nathalia Piccoli, publicada em março de 2016.
Viva Bem
Editora Alto Astral
Questões:

  • Porque nos sentimos incompetentes ao não conseguir realizar, ou realizar bem-feito ao que nos é imposto?

Estela: muito provavelmente porque nos cobramos demais. Vivemos numa sociedade de excessos, urgente e rápida. Nunca as pessoas tiveram uma mente tão agitada e ansiosa. Estamos viciados em atividades e em informações, que geram em nós uma insatisfação crônica, independente do resultado obtido. Nada parece ser suficientemente bom. Esta situação piora quando as pessoas se dedicam às atividades que lhe são impostas ou que não lhe são interessantes, pois mais facilmente tornam-se angustiadas e estressadas.

  • Quais os benefícios de não focar tanto no que é preciso fazer no dia a dia e ter um tempo para relaxar e deixar a cabeça livre?

Estela: é importante que se tenham focos e objetivos. A determinação é a fonte da disciplina, da autodeterminação e da capacidade de lutar pelas metas.  Mas, o que não se deve é tornar-se escravo delas. O benefício em primeiro lugar é o de capacitar o Ego, gestor da consciência psíquica, de gerenciar o pensamento, de proteger a emoção e de filtrar estímulos estressantes.
O indivíduo precisa ser capaz de ser autor da sua vida, da sua história e dos seus sonhos.  Relaxar e desacelerar o pensamento é promover emoções saudáveis e uma mente livre e criativa.

  • A ideia de que é possível dominar e controlar tudo traz inevitavelmente sofrimento, já que não passa de uma ilusão?

Estela: sem dúvida, não passa de uma ilusão, típico da pós-modernidade e do capitalismo que difundiram o conceito de que podemos querer ser e ter tudo que se desejar. E, de fato, é possível. Mas, não sem um custo alto a  pagar. Você se torna escravo do sistema.
Psicologicamente, o ser humano não pode e não deve ser capaz de dominar tudo e a todos ao mesmo tempo. Ao tentar esta façanha o indivíduo alimenta a frustração e aumenta substancialmente a ansiedade, que pode se tornar patológica. Transtornos de ansiedade generalizada (TAG), fobias sociais e síndromes do pânico e do pensamento acelerado são, infelizmente, cada vezes mais comuns, assim como a depressão.

  • É possível não se sentir frustrado o tempo todo?

Sim, desde que não seja um traidor da sua qualidade de vida.  É importante que possua a mente livre, finais de semana para lazer ou para o hobby. Férias para viajar e relaxar. Eu sempre brinco com os meus pacientes dizendo: “É proibido vender férias”. Não seja uma máquina de trabalho. Cultive emoções saudáveis, amizades queridas, repense valores. Não se precisa de muito para ser feliz, mas com certeza, é necessário um mínimo de qualidade de vida. E tempo para você é essencial.

  • O excesso de controle por uma vida totalmente programada impede que enxerguemos as boas surpresas que vão surgindo pelo caminho?

Não apenas nos impede que enxerguemos as boas surpresas, como nos adoece. Se sua mente está presa e fixa em cumprir metas. Tudo aquilo que não faz parte deste objetivo é descartado ou ignorado, porque simplesmente não é visto. Ó indivíduo precisa ser capaz de desenvolver senso de responsabilidade e  capacidade de julgamento que não sejam necessariamente idênticos aos padrões e expectativas externas e coletivas. As necessidades individuais não devem ser ignoradas.

  • O que é preciso fazer para relaxar e se desconectar do mundo?

P E R M I T I R - S E! Sem que o indivíduo perceba, ele é impedido de permitir ou usufruir uma sucessão de vivências, coisas simples da vida, inclusive o ócio, que podem ser criativos, relaxantes e reconstituidores.

  • O que não se deve fazer? Que pode se tornar algo ruim?

Não permitir que o sistema social subtraia o seu tempo, seja este o cronológico ou o emocional. As pessoas estão viciadas em asfixiar o tempo e a não cultivar hábitos saudáveis. Vive-se a era do “fast food” emocional, no qual engole-se, digeri-se e expeli-se quaisquer informações ou sentimentos sem tempo para reflexão. A vida torna-se ruim e sem qualidade quando não há tempo para si, para reconhecer as próprias fragilidades ou admitir os mais inconfessáveis sonhos. Muito menos, quando não se dispõe de tempo para corrigir a rota da sua vida e se educar para ser protagonista  da sua própria história.

  • Por que relaxar é tão importante para manter o controle sobre os próprios nervos e a vida como um todo?

Porque todas as vezes que o individuo hiperacelerar os pensamentos, as atividades, os objetivos, enfim, asfixiar o seu tempo, a qualidade de vida e o equilíbrio emocional perdem em estabilidade e profundidade. As pessoas tornaram-se máquinas de pesar, mas pensar para fora, para a necessidade e exigências coletivas em detrimento ao anseio individual. É necessário retornar a uma cuidadosa investigação interna e a buscar da autorrealização.

  • Como a pessoa controladora vive? Quais são suas características?

Estela: a pessoa com excesso de controle é por natureza muito exigente consigo e com o seu entorno, entenda-se com aqueles quem convive ou trabalha. Um controlador (a) é um ansioso por natureza em constantemente estado de alerta e vigia. Isso o(a)  leva a ter algumas ou várias características abaixo. Quanto mais crônico a ansiedade estiver, ou quanto maior for o número de sintomas apresentados, mais perto de uma patologia psíquica este indivíduo pode estar:
Sintomas que podem apresentar um controlador:

• Mente inquieta ou agitada;
• Insatisfação, impaciência, irritabilidade;
• Cansaço físico exagerado: acordado cansado;
• Sofrimento por antecipação;
• flutuação emocional;
• Dificuldade de lidar com pessoas lentas;
• Dificuldade de usufruir a rotina (tédio);
• Baixo limiar para suportar frustrações (pequenos problemas causam grandes impactos);
• Dor de cabeça e dor muscular (principalmente ombro e pescoço);
• Outros sintomas psicossomáticos (queda de cabelo, taquicardia, aumento da pressão arterial, etc...);
• Déficit de concentração ou éficit memória;
• Transtorno do sono ou insônia.

  • Como a sensação de controle influência nossas vidas?

Controle em si, não é ruim, ao contrário é importante, nos dá um prumo na vida. É o excesso dela que nos prejudica. Augusto Cury tem uma frase que julgo ser muito boa para descrever como o controle deve influenciar nossa vida: Ele diz: “ Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo, porém pensar demais é uma bomba contra a saúde psíquica, o prazer de viver e a criatividade”.

  • É possível identificar um controlador? Como? Quais são as características mais comuns?

Estela: uma pessoa excessivamente controladora pode ser egocêntrica e individualista. São ansiosas e exigentes. Pois todo controlador tem um grau de imaturidade emocional que acompanha algumas necessidades neuróticas de poder, de estar sempre certo, de controlar os outros e ser o centro das atenções em quaisquer circunstancias.
As características são aquelas que foram listas a cima .

Você pode achar interessante outras informações sobre:

MSc. Estela Noronha
Psicóloga Clínica
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